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Monte dos Castelinhos
A análise cuidada dos sítios arqueológicos do município levou o Museu Municipal de Vila Franca de Xira a salientar entre eles, a importância do Monte dos Castelinhos (Quinta da Marquesa – Castanheira do Ribatejo), enquanto estação arqueológica mais representativa e com maiores possibilidades de desenvolver um programa de estudo bem estruturado.
Esta extensa estação, com mais de 10 hectares de extensão, encontra-se numa área de portela de ligação natural entre as margens do Tejo e o interior da Península de Lisboa, através do Vale do Rio Grande da Pipa.
As características da sua implantação, com ampla visibilidade natural, e defensibilidade natural levam a que a sua localização assuma uma posição geoestratégica de controlo de uma zona de fronteira natural.
Sendo conhecidas desde há mais de cem anos referências à existência de ocupações antigas, estas nunca foram devidamente investigadas resumindo-se a alguns achados isolados e prospeções de superfície.
As escavações iniciaram-se em 2008, e inserem-se dentro de um projeto plurianual de investigação aprovado pelo IGESPAR – “Monte dos Castelinhos: Povoamento e dinâmicas de ocupação em época romana republicana no Vale do Tejo.
As áreas colocadas a descoberto até ao momento revelaram um notável conjunto urbano de época romana republicana em excelente estado de preservação.
A análise da sua planta permite identificar distintos edifícios e áreas de circulação obedecendo a um plano predefinido de cariz ortogonal, que denotam um elevado padrão de romanização.
O esforço para implantação deste urbanismo é assinalável, visto estarmos perante uma área de encosta com forte pendente. Para vencer este desnível os diversos compartimentos foram construídos em socalcos sucessivos, tendo os níveis calcários de base sido escavados para o efeito.
Pouco tempo após ter edificado o povoado é abandonado de forma brusca e repentina. As paredes são derrubadas, os telhados colapsam, e nesses níveis de destruição recolheram-se diversos elementos de armamento militar itálico compatíveis com um cenário bélico.
O estudo das cerâmicas importadas, nomeadamente as cerâmicas campanienses, as paredes finas, lucernas e a cerâmica comum, leva-nos a sublinhar a homogeneidade do espólio exumado e das suas associações formais, enquadradas na segunda metade do séc. I a.C..
A construção de raiz, de um sítio desta dimensão, em meados do século I a.C., e a sua brusca destruição, apenas alguns anos depois, levanta um amplo quadro de questões que nos encontramos a tentar clarificar e que se prendem com a interpretação da funcionalidade e relevância deste sitio arqueológico.
Apesar das escavações ainda não estarem concluídas o conhecimento que dispomos leva-nos a sublinhar a relevância cientifica, patrimonial e turística desta invulgar estação arqueológica, que vem aduzir uma nova página sobre a história da presença romana no ocidente peninsular.
Localização: Numa elevação sobranceira à Vala do Carregado.
GPS: 39° 0' 46.26" N, 8° 58' 31.34" W