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Na conversa com Alexandra Del-Negro, da ADP Fertilizantes
O GIE promove, regularmente, algumas conversas com responsáveis de empresas do tecido empresarial do concelho. Para além de permitir conhecer mais em detalhe o muito que se vai fazendo por cá, não só na área económica mas também do investimento e da inovação, permite igualmente dar a conhecer o pensamento e a perspetiva de quem, no terreno, contribui significativamente para o desenvolvimento económico do município.
Nesta edição, a conversa foi com a Eng.ª Alexandra Del-Negro, diretora da unidade fabril do Forte da Casa da ADP Fertilizantes, S.A.
A ADP Fertilizantes é uma empresa que conta já com muitos anos de atividade. Gostávamos que partilhasse connosco um breve resumo da história da empresa, abordando os marcos mais importantes para a mesma.
A ADP Fertilizantes é uma empresa que resulta da nacionalização e posterior privatização de três empresas – CUF, Amoníaco Português e Nitratos de Portugal. Em 1977 formaram a Quimigal, que foi privatizada em 1997, após separação do negócio de adubos e integração das atividades ligadas à agricultura do grupo SAPEC. Em 1999, o Grupo José Mello torna-se o único acionista da empresa, através da holding CUF, tendo sido adquirida em 2009 pela Fertiberia. Em 2020 a Triton Partners adquiriu o Grupo Fertiberia.
A empresa dedicou-se desde sempre à produção de fertilizantes, com foco no serviço ao cliente e no desenvolvimento de produtos de valor acrescentado para a agricultura. A nossa atividade rege-se pelos critérios de ESG.
Estamos empenhados em preservar a segurança dos nossos colaboradores, a qualidade dos nossos produtos, o bem-estar das comunidades em que operamos e as boas práticas de governação empresarial. O nosso compromisso é desenvolver produtos e serviços de alta qualidade, da forma mais sustentável e eficiente.
Atualmente, qual é a estrutura acionista da empresa?
A Triton Partners é um fundo de investimento internacional que tem como objetivo ajudar a construir melhores negócios no longo prazo, e que investiu no Grupo Fertiberia para apoiar a estratégia da administração do grupo de acelerar a inovação ao nível dos produtos e investir nos processos de fabrico, de modo a torná-los mais eficientes e compatíveis com o ambiente.
Em termos de produção, quais são os principais produtos produzidos pela ADP Fertilizantes, em geral? E na fábrica do Forte da Casa, em particular?
A fábrica do Forte da Casa resulta da anterior instalação da empresa Nitratos de Portugal, fundada em 1957 para a produção de adubos azotados e de nitrato de cálcio, estando implantada no concelho desde essa data.
Atualmente, produz ácido nítrico e solução de nitrato de amónio para utilização como matérias-primas nos processos de produção de fertilizantes sólidos e líquidos:
- Adubos sólidos CAN (calcium ammonium nitrate) à base de nitrato de amónio, produzidos com concentrações de azoto entre 15-27%, onde se destacam as referências de adubos Impacto Zero e N-Safe, produzidos com amoníaco verde e com aditivos que melhoram a eficácia dos produtos na nutrição vegetal e na fertilização sustentável;
- Adubos sólidos Nitrato de Cálcio, totalmente solúveis, e Soluções Azotadas, ambos com referências Impacto Zero, para aplicação em fertirrigação, adequados para agricultura de precisão.
Expedição de ácido nítrico embalado
Além desta fábrica, a ADP Fertilizantes produz ácido nítrico e solução de nitrato de amónio para a indústria, bem como soluções 32N para aplicação como fertilizantes, no Lavradio, e produz adubos complexos NPK sólidos e líquidos, em Setúbal.
Com uma capacidade de produção superior a 1,1 milhões de toneladas nas três fábricas, e graças a importantes apoios logísticos, conta com uma vasta rede de distribuição por via terrestre, ferroviária e marítima, mediante a qual responde à procura e garante a satisfação de todos os clientes, especialmente os localizados na Península Ibérica. A ADP Fertilizantes dispõe de uma vasta e experiente equipa de técnicos especializados, que garante o aconselhamento aos profissionais da agricultura e um serviço pós-venda eficaz, num mercado muito competitivo e de elevada especialização técnica.
A empresa tem sustentado a sua atividade, como não poderia deixar de ser, em investimento que lhe permitam o necessário crescimento. Nos últimos 5 anos, quais os principais investimentos e qual foi o seu montante? De que forma é que estes investimentos permitiram reforçar a competitividade da empresa?
Investimos em várias áreas chave nos últimos anos, com destaque para a segurança, para cumprimento dos referenciais próprios, mais exigentes do que as normativas aplicáveis à atividade, mas também para inovação ao nível dos produtos e dos processos de fabrico.
Nos últimos 4 anos, foram efetuados investimentos na ordem de 20,5 M€, Destes, destacamos a nova fábrica de solução de nitrato de cálcio no Forte da Casa, que permite duplicar a capacidade de produção instalada deste produto, maioritariamente destinado à exportação, bem como aumentar a produção de adubos líquidos na fábrica, e a reabilitação de estruturas, como é o caso do silo de armazenagem de produtos sólidos a granel, que permitiu reutilizar a capacidade total de armazenagem e assim gerir de forma mais eficiente o portfolio de produtos e a sua disponibilização para o cliente. Foram também realizados investimentos de carácter ambiental, para reutilização de águas de processo, de renovação de equipamentos e de controlo de processos.
Expedição de adubos líquidos
No Lavradio, destacam-se os investimentos na automação dos processos e na redução de efluentes e, em Setúbal, também os investimentos no aumento da capacidade de armazenagem de matérias-primas e de produtos acabados e de fabrico de adubos líquidos.
Estes investimentos permitem ter processos produtivos robustos e melhorar a capacidade de serviço ao cliente, com oferta de produtos mais sustentáveis e de elevada precisão na sua aplicação, com redução do impacto ambiental e da pegada de carbono.
Qual o peso dos investimentos em Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I+D+I) no investimento total? Neste particular, também de que forma é que a empresa vê o investimento em I+D+I como relevante para a sua própria sustentabilidade e competitividade?
Para dar resposta à evolução que está a ocorrer a nível mundial para uma agricultura e uma indústria mais modernas e tecnológicas, onde a sustentabilidade e a produtividade são requisitos imprescindíveis, temos uma política ativa de I+D+i, que nos ajuda a impulsionar o nosso crescimento como grupo. O nosso compromisso com a investigação, o desenvolvimento e a inovação aplica-se a todas as nossas áreas de negócio e assenta em três pilares:
- A promoção da economia circular e a eficiência dos recursos,
- A conservação e a melhoria da qualidade dos solos e do meio ambiente,
- A melhoria da competitividade, com produtos exclusivos, inovadores e mais eficientes.
No nosso centro de I+D+i criamos soluções de elevado valor acrescentado e biotecnológicas altamente avançadas e orientadas para a agricultura de precisão e a agricultura ecológica.
Ainda na área da inovação industrial, estamos empenhados na redução do consumo de energia nas nossas instalações de produção através da substituição ou renovação de equipamentos por unidades mais eficientes e da instalação de Unidades de Produção para Autoconsumo.
Unidade de Produção para Autoconsumo, Unidade Fabril do Forte da Casa
Hoje, trabalha-se num mercado global. Neste sentido, quais os principais desafios a enfrentar no médio e longo prazo? De que forma é que a empresa se está a preparar para eles? Ainda, quais os grandes objetivos para o futuro?
A ADP Fertilizantes tornou-se numa das empresas mais conceituadas ao nível da produção e comercialização de produtos de nutrição vegetal de elevado valor acrescentado, não só em Portugal, onde sempre foi líder de mercado, como também em toda a Europa, no Médio e Extremo Oriente, e na Austrália.
Aspiramos a contribuir para uma agricultura mais sustentável, através de um portfolio de produtos muito diversificado, biotecnológico e verde.
A neutralidade carbónica é uma realidade essencial a atingir, e um desafio muito complexo, sobretudo para as atividades industriais. Como é que a ADP Fertilizantes tem vindo a encarar este desafio, e de que forma é que se está a preparar para a atingir? Será possível quantificar?
Sem dúvida, é um desafio que temos, não só como empresa, mas também como sociedade. O nosso objetivo como Grupo é alcançar zero emissões líquidas em 2035.
No caso da ADP Fertilizantes, temos apostado na implantação de parques fotovoltaicos nos seus sites industriais, tendo arrancado com a Unidade de Produção para Autoconsumo no Forte da Casa em novembro de 2024. Esta unidade deverá assegurar cerca de 20% da energia elétrica consumida nos seus processos fabris. Além disso, está comprometida na redução das emissões de gases com efeito de estufa, tendo já reduzido mais de 90% dos gases resultantes da sua atividade industrial nos sites do Forte da Casa e do Lavradio.
Quais são, no seu entender, os principais desafios na implementação de práticas mais sustentáveis na indústria dos fertilizantes?
Os principais desafios são a contínua melhoria dos processos e o desenvolvimento de produtos orientados para uma agricultura sustentável.
A nossa aposta na I+D+i é essencial para alcançar a transição energética real. Não nos limitamos a descarbonizar a nossa produção industrial. Os nossos esforços contínuos em matéria de I+D+i permitem-nos disponibilizar aos nossos clientes as soluções mais eficientes do mercado, reduzindo o impacto ambiental da sua atividade e com obtenção de maiores rendimentos nas suas culturas.
Como se traduz, nas práticas da empresa, a implementação dos critérios ESG? Qual a avaliação que faz da adoção destes critérios?
A qualidade, a saúde e a segurança, o ambiente e a governação responsável são os nossos pilares para alcançar a excelência. Toda a nossa atividade é regida por critérios ESG, para garantir investimentos sustentáveis, inovadores, comprometidos e responsáveis.
A adoção destes valores permite-nos apostar na melhoria contínua da nossa atividade e promover a qualidade dos nossos produtos e da nossa gestão, o bem-estar dos nossos trabalhadores e as boas práticas de governação empresarial, bem como a transparência de relações com os stakeholders e com a sociedade em geral.
No seu entender, de que forma é que deve ser tratado o tema, tão em voga nos dias de hoje, da “Responsabilidade Social”? O que é que a empresa tem feito neste particular?
O nosso sistema de Compliance está alinhado com os mais elevados padrões nacionais e internacionais, garantindo o pleno respeito pela lei e pelas normas, procedimentos e valores éticos aplicáveis à nossa área de atuação, e temos o Sistema de Gestão Anticorrupção certificado pela norma ISO 37001. O nosso Código de Ética reúne os Princípios, Valores e Condutas que devem reger o exercício profissional individual da nossa equipa e as relações que esta mantém com terceiros e stakeholders.
Contamos ainda com quatro certificações prestigiadas, que reconhecem o nosso compromisso relativamente à qualidade e à melhoria contínua dos nossos processos, à preservação do ambiente e à segurança, e ao desenvolvimento de produtos e serviços de elevada qualidade que, cumprindo todos os requisitos legais aplicáveis e sendo competitivos face ao mercado, satisfaçam as expectativas de cada cliente.
Estamos certificados pelas normas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e, desde 2004, alcançamos e mantemos o reconhecimento, pela Fertilizers Europe, do cumprimento do programa de administração do ciclo de vida dos produtos, desde a sua conceção até à sua utilização final.
Existe alguma questão/assunto que considere importante abordar, que se traduza numa mais valia para esta entrevista?
Realçamos a cooperação institucional e estratégica entre a ADP Fertilizantes e a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que tem permitido desenvolver projetos de valor acrescentado na fábrica do Forte da Casa, bem como a cooperação entre a empresa e as instituições locais, com parcerias na área da formação com os bombeiros voluntários e com as escolas.