Marcelo Rebelo de Sousa inaugurou a Exposição “António: 50 anos de Humores” em Vila Franca de Xira

O Presidente da República marcou presença na inauguração da Exposição que apresenta o legado histórico do cartoonista António, a convite do Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.

Na cerimónia, que decorreu no auditório do Museu do Neo-Realismo, no dia 23 de junho, Fernando Paulo Ferreira enalteceu o “artista da luta pela liberdade de imprensa e pelo livre pensamento”, com “uma carreira que nos orgulha, nos faz pensar e inquietar”.

Sublinhou também que “António vai marcando o espectro mediático com a sua leitura e humor mordazes, acentuando aquele evento, aquelas polémicas ou aquelas pessoas que estão na ordem do dia”.

Nos 50 anos da carreira de António, sublinhou o Presidente da Câmara, “foi para nós absolutamente evidente que a grande exposição nacional comemorativa da efeméride teria de acontecer a partir desta cidade, invadindo com ela os espaços mais nobres da nossa rede cultural: para além do Museu do Neo-Realismo, também o Celeiro da Patriarcal e a Fábrica das Palavras abrem as suas portas para saudar a história dos acontecimentos de Portugal e do Mundo no último meio século, pela obra do cartoonista”, que nasceu em Vila Franca de Xira, concelho que “há muitas décadas tem gerado ou aprimorado, pela sua vivência entre nós, figuras gradas pela liberdade, pela democracia e pela cultura em Portugal”.

O Presidente da República, amigo de longa data do cartoonista, recordou que trabalharam juntos no semanário Expresso (onde António se encontra há 48 anos, depois de ter passado pelo jornal República) e teceu vários elogios à obra e à pessoa, pela importância na luta pela liberdade, alertando para o risco de se entrar “numa rampa deslizante que significa perda acentuada de qualidade democrática” no dia em que “começarmos a querer introduzir censuras, quaisquer que sejam, mesmo que teoricamente legitimadas”.

“Livre, independente, consistente e coerente”, foram as palavras que Marcelo Rebelo de Sousa proferiu para falar de António, perante a plateia de entidades e convidados, entre eles Durão Barroso.

“Isto tem a ver com Vila Franca de Xira? Acho que sim. Tem a ver com as raízes e a forma de assumir a intervenção coletiva desta comunidade? Penso que sim. Tem muito a ver com democracia? Isso tem tudo”, afirmou o Chefe de Estado.

Já nas palavras de António, a “exposição atravessa meio século, é muito tempo de vários pontos de vista”, lembrando que só não atravessou a fronteira do digital, que deixa para os mais novos. Do PREC à Queda do Muro de Berlim ou ao fim da ex-URSS, António fala do seu trabalho como “desenhos que eu faço como quem está à janela a ver passar este mundo, quer participar nele e ter uma ínfima influência, e foi isso que eu fiz, com inteira liberdade”.

Após a cerimónia, o Presidente da República, acompanhado pelo Presidente da Câmara Municipal e outros convidados, realizou uma visita guiada aos três locais onde decorre a exposição.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda a promessa de voltar a Vila Franca de Xira “no final deste ano ou princípio do outro”, para a inauguração do Passeio Ribeirinho de Alverca.

A Exposição “António: 50 anos de Humores” apresenta mais de 600 peças (desenhos, esculturas e documentos) e ficará patente no Museu do Neo-Realismo, Celeiro da Patriarcal e na galeria “Sem Palavras” (Fábrica das Palavras) até 20 de outubro de 2024. A entrada é livre.

A Exposição integra o programa nacional das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.