Fernando Esteves Pinto e António José da Costa Neves vencem Prémio Alves Redol
Edição de 2019 registou 227 obras a concurso
Com um número-recorde de obras concorrentes (227), a edição de 2019 do Prémio Literário Alves Redol tem como vencedores Fernando Esteves Pinto (no género literário Romance) e António José da Costa Neves (no género literário Conto). Instituído pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, o Prémio Literário Alves Redol destina-se à promoção e incentivo à criação literária, prestando também homenagem ao grande romancista Alves Redol, natural do Concelho de Vila Franca de Xira.
Em Romance, “Um homem parado na esquina do Mundo” e em Conto, “Contos da Serra e da Planície” são as obras que mereceram a decisão unânime do júri, composto por Ana Cristina Silva (escritora), Manuel Amador Frias Martins (ensaísta e representante da Associação Portuguesa de Críticos Literários) e Vítor Figueiredo (representante da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira). Ao vencedor no género Romance será atribuído um prémio no valor de 7.500€, e para o vencedor no género Conto, um prémio no valor de 2.500€. Na presente edição foi também atribuída Menção Honrosa ao Romance “Homens que falam com estrelas”, da autoria de João Torcato Coelho Cardoso Justa.
No Género de Conto houve a atribuição de uma menção honrosa: Raquel Laranjeira Faria Pais é a autora de “Meteorito”, e conquistou a Menção Honrosa, prémio atribuído por unanimidade pelo júri deste Prémio.
A cerimónia de entrega do Prémio Literário Alves Redol irá ocorrer no próximo dia 23 Abril (5.ª Feira), às 18h30, na Fábrica das Palavras em Vila Franca de Xira, numa iniciativa integrada nas comemorações do Dia Mundial do Livro e do Autor e das Comemorações de Abril.
Apreciação das obras vencedoras
De acordo com o júri, o romance “Um homem parado na esquina do Mundo”, de Fernando Esteves Pinto, “é uma obra muito original que se situa fora dos padrões dominantes da narrativa literária. Recorrendo a uma espécie de personagem fantasmática chamada Senhor Bivou, e através de uma ironia demolidora de dogmas e lugares comuns, a inteligência do autor insinua-se na escrita de um modo singularmente estranho, mas também muito cativante apesar da complexidade entretanto gerada. Detalhes da vida de todos nós são equacionados em paralelo com alguns dos grandes temas da cultura ocidental. A filosofia, ou melhor, a indagação filosófica atravessa o romance, desenhando um tecido complexo de exigências de leitura, mas sem nunca sufocar as possibilidades criativas da própria linguagem. Escrito num registo exemplar de elegância culta, este romance eleva a escrita literária a um patamar qualitativo invulgar.”
Quanto a “Contos da Serra e da Planície”, de António José da Costa Neves, foi considerado como “excelente conjunto de contos, com uma abordagem realista, recorrendo a uma linguagem, muitas vezes irónica, que se ajusta ao ritmo narrativo e aos diálogos vivos de cada pequena história. Centrados em episódios do quotidiano, muitos deles passados no Alentejo, estes contos vivem de um fino e vivíssimo recorte das personagens e neles são retratadas pequenos conflitos, fragilidades humanas e ínfimas perversidades. A vivacidade da narrativa, a caracterização das personagens e o retrato de um certo Portugal cativam o leitor em todos os 19 contos que constam da antologia."
Sobre os autores
Fernando Esteves Pinto nasceu em 1961, em Cascais, mas vive em Olhão desde os 20 anos, tendo participado em programas infanto-juvenis para a RTP e, nos anos 80 do século passado, colaborado no DN Jovem e no Jornal de Letras. Em 1990 foi distinguido com o Prémio Inasset Revelação de Poesia do Centro Nacional de Cultura, pelo livro de poesia 'Na Escrita e no Rosto', editado em 1993. Obteve o Prémio Literário Cidade de Almada – 2016, pelo romance “A Caverna de Deus”. Alguns dos livros publicados: “Na Escrita e no Rosto” (poesia); “Siete Planos Coreográficos” (poesia, edição bilingue, Huelva); “Ensaio Entre Portas” (poesia); “Conversas Terminais” (romance); “Sexo Entre Mentiras” (romance); “Privado” (novela); “Área Afectada” (poesia); “Brutal” (romance); “O Tempo que Falta (poesia); “Identidade e Conflito” (micro-ensaios); “Dispensar o Vazio” (antologia poética); “Património Bukowski” (contos e outras estórias); “O Carteiro de Fernando Pessoa” (romance); “Humanidade” (poesia); “A Caverna de Deus” (romance).
António José da Costa Neves nasceu em 1945, em Grândola, sendo residente em Almada. Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, até se reformar teve uma atividade profissional diversificada, tendo trabalhado no Ministério das Finanças, na banca, no sector empresarial e na economia social. Combateu em África, na Guerra Colonial, tendo vivido em Moçambique os últimos anos da Administração Portuguesa, onde amadureceu o romance “Mataram o Chefe de Posto”, vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada 2006. Também ao seu romance “Nem por Sonhos”, uma história picaresca e delirante de um homem que se deixou enredar na teia dos seus próprios sonhos, foi atribuído o Prémio Manuel Teixeira Gomes, 2006/2007. Alguns dos livros publicados: “Mataram o Chefe de Posto” (Prémio Literário Cidade de Almada- 2006); “Nem por Sonhos” (Prémio Revelação Manuel Teixeira Gomes – 2006/2007); “Mea Culpa!” (Prémio Literário Paul Harris – 2007); “Abaixo de Cão” (Prémio Manuel Teixeira Gomes – Menção Honrosa, 2008/2009); “O Amor nos Anos de Chumbo” (Prémio Literário Poesia e Ficção de Almada - Prosa de Ficção, 2008); “Adamastor”; “O Pequeno Incendiário”; “O Implacável Cerco de Almada”; “Trinta Sonetos Triviais”; “Um Certo Incerto Alentejo”.